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STF revoga afastamento de governador do Tocantins após três meses longe do cargo

STF revoga afastamento de governador do Tocantins após três meses longe do cargo

Decisão liminar do ministro Nunes Marques permite retorno imediato de Wanderlei Barbosa, investigado por desvios na pandemia.

admin
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6 de dezembro de 2025 ·

Uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) revogou o afastamento de Wanderlei Barbosa (Republicanos) do cargo de governador do Tocantins. A medida, publicada na sexta-feira (5) e com efeito imediato, põe fim a três meses de afastamento determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Barbosa é investigado por um suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19.

O afastamento de 180 dias foi decretado durante a segunda fase da Operação Fames-19, da Polícia Federal, em 3 de setembro de 2025. A primeira-dama Karynne Sotero também foi afastada na época, mas seu retorno não é mencionado na nova liminar. A decisão do ministro Nunes Marques ainda deverá passar pela Segunda Turma do STF.

Esquema de desvios na pandemia

As investigações da PF apontam que Wanderlei Barbosa, então responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), teria mantido um esquema de desvios por meio de contratações ilícitas. Recursos públicos foram usados para contratar empresas abertas pouco antes de serem contratadas para fornecer alimentos, sem terem esse objetivo social.

O Governo do Tocantins teria comprado pelo menos 1,6 milhão de cestas básicas durante a pandemia, com suspeita de que nem todas foram entregues. Foram identificados pagamentos de mais de R$ 97 milhões em contratos, com um prejuízo estimado pela PF de mais de R$ 73 milhões.

Conflito com o vice e medidas do governo interino

Durante o afastamento, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu o cargo e exonerou todo o primeiro escalão, composto por aliados de Wanderlei Barbosa. Os dois trocaram farpas publicamente, com Barbosa alegando perseguição política, o que foi negado por Moreira.

O governo interino anunciou uma série de medidas, incluindo a suspensão de um contrato de R$ 20 milhões com uma empresa de táxi aéreo usada por Barbosa. Laurez Moreira também revelou que a Secretaria de Estado da Saúde acumula dívidas de R$ 580 milhões e encerrou 1.141 contratos temporários na Educação, com economia mensal estimada em R$ 2,7 milhões.

Nova operação da PF e descoberta de chácara

Em 12 de novembro, Wanderlei Barbosa foi alvo da Operação Nêmesis, que investiga embaraço à investigação principal. A PF apurou que, horas antes da Fames-19, o casal foi alertado e deixou às pressas uma casa, deixando um cofre vazio e um celular resetado.

A polícia também identificou uma chácara no distrito de Campo Alegre, em Paranã, registrada em nome de um terceiro, mas que teria como "proprietário formal" o governador. O local, decorado com fotos e objetos do casal, está em área de disputa territorial entre Goiás e Tocantins.

Reações e próximos passos

Em nota, a defesa de Wanderlei Barbosa afirmou que "recebe com serenidade a decisão" do STF, que "viabiliza o seu retorno ao cargo para o qual foi legitimamente eleito". A assessoria da primeira-dama informou não ter posicionamento, já que ela "não foi objeto da medida".

Com a decisão liminar, Barbosa retorna ao Palácio Araguaia, enquanto as investigações das operações Fames-19 e Nêmesis continuam. A venda de participação do Estado na Energisa, sancionada por Barbosa em julho de 2025, foi suspensa pelo governo interino e seu futuro será decidido pelo governador que reassume.

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