PF faz operação contra ataque hacker a 3 deputados do PL que apoiaram projeto antiaborto
Investigação aponta que invasão aos sistemas dos parlamentares visava intimidar e obter informações sigilosas.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (2) uma operação para investigar um ataque hacker contra os sistemas de três deputados federais do PL. Os parlamentares, cujos nomes não foram divulgados, são apoiadores de um projeto de lei que restringe o acesso ao aborto no Brasil. De acordo com as investigações iniciais, a ação criminosa tinha como objetivo a intimidação política e a obtenção de dados sigilosos.
A operação, autorizada pela Justiça Federal, cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos. As investigações apontam que os ataques ocorreram nas últimas semanas e utilizaram técnicas sofisticadas de invasão. A PF trabalha com a hipótese de que os criminosos buscavam acessar e-mails, agendas e trocas de mensagens dos deputados.
Projeto de lei no centro das investigações
Os três deputados alvos do ataque são coautores ou signatários de uma proposta que busca alterar a legislação sobre aborto no país, tornando as regras mais restritivas. O projeto, que aguarda análise em comissão da Câmara, é alvo de debates acalorados e mobiliza grupos contrários e favoráveis.
Um dos parlamentares ouvido pela PF afirmou, sob condição de anonimato, que percebeu acessos não autorizados a sua conta de e-mail oficial. "Há uma clara tentativa de cercear o debate democrático e intimidar quem pensa diferente. Isso é inaceitável", declarou o deputado à reportagem.
Outras operações em andamento
Em paralelo, a PF também realiza uma operação contra Marcos Valério, condenado no escândalo do Mensalão, por suspeitas de sonegação fiscal. A ação, batizada de "Pixuleco II", investiga um suposto esquema de fraudes e lavagem de dinheiro.
Em Minas Gerais, investigações separadas apontam para um esquema de fraude fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo grandes atacadistas. As diligências buscam apurar desvios que podem chegar a centenas de milhões de reais.
Contexto político tenso
O ataque hacker ocorre em um momento de tensão no Congresso. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara deve analisar hoje o processo de cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão e atualmente na Itália.
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) articula uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tentar destravar pautas e "selar a paz" entre o Planalto e o Congresso, em meio a atritos recentes.
Além disso, o senador Rogério Marinho (PL-RN) viu seu nome ser descartado para a vice-presidência na chapa de Soraya Thronicke (União-MS), após uma implosão de apoio dentro da própria base aliada.
Combate a crimes digitais
A operação de hoje reforça a atuação da PF no combate a crimes cibernéticos com motivação política, uma área que tem ganhado prioridade. Especialistas em segurança digital consultados pelo G1 alertam para o aumento de ataques visando figuras públicas, que muitas vezes têm sistemas de proteção frágeis.
A expectativa é que, após a análise dos materiais apreendidos, a PF identifique os responsáveis pelos ataques e apresente novas denúncias ao Ministério Público Federal (MPF).
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