Padre é condenado em segunda instância por estupro e cárcere privado de jovem no Tocantins
Religioso usou promessa de carta de recomendação para atrair vítima de 18 anos para apartamento em Palmas.
O padre Marcos Aurélio Costa da Silva foi condenado em segunda instância pelos crimes de estupro e cárcere privado com finalidade libidinosa. A decisão do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) impôs uma pena de oito anos de prisão em regime semiaberto. Os crimes ocorreram em 2019 contra um jovem de 18 anos, natural de Pernambuco, que sonhava em ingressar no sacerdócio.
A vítima foi atraída para Palmas com a promessa de receber uma carta de recomendação vocacional para um seminário. O religioso, que já tinha histórico criminal, manteve o rapaz em cárcere privado por cerca de cinco dias em um apartamento na capital tocantinense.
Estratégia de aliciamento e cativeiro
O padre convenceu o jovem a viajar de Pernambuco alegando que a carta só seria válida se fosse assinada de próprio punho. Nas conversas virtuais, o religioso pedia fotos do rapaz sem camisa, sob a justificativa de precisar "ver se tenho que comprar alguma coisa para balancear a sua alimentação". Ele também exigia massagens e informava que dividiriam o mesmo quarto para que a vítima se acostumasse com a "vida de missionário".
O cárcere privado começou no dia 22 de agosto de 2019. A vítima relatou à polícia que, na primeira noite, o padre tentou embebedá-lo e forçou relações sexuais enquanto ele estava preso no imóvel.
Fuga e prisão
O jovem conseguiu escapar apenas quando o padre esqueceu a chave na porta. Após a fuga, ele procurou uma delegacia. Os policiais relataram que ele estava a pé, sem documentos, em visível estado de temor e fragilidade emocional ao narrar os abusos sofridos.
A condenação em segunda instância ocorreu após apelação do Ministério Público do Tocantins (MPTO). A sentença de primeiro grau havia absolvido o réu ao reconhecer dúvida sobre a autoria. O tribunal considerou verídico o relato da vítima, confirmado por laudos técnicos, impactos psicológicos, testemunhos e pelo histórico do acusado.
Histórico criminal do religioso
Este é o segundo registro criminal envolvendo Marcos Aurélio. Em 2015, ele foi preso em flagrante em Gurupi, suspeito de mostrar pornografia para um adolescente de 16 anos. Investigadores afirmaram que o padre se passava por uma mulher nas redes sociais para tentar convencer o garoto a sair com ele, em conversas com conteúdo pornográfico.
Na época, ele foi notificado por condutas relacionadas à divulgação e aliciamento de menores, crimes que não cabiam fiança. Em 2018, ele foi suspenso e parou de exercer suas funções eclesiásticas, segundo a Diocese de Porto Nacional.
Recurso da defesa e situação atual
A defesa do padre informou ao g1 que, como houve um voto divergente entre os desembargadores no julgamento, foi apresentado um recurso chamado embargos infringentes. A desembargadora Ângela Haonat concedeu ao réu o direito de recorrer em liberdade, e a decisão final ainda está pendente.
O g1 pediu informações à Diocese de Porto Nacional sobre a atual situação do padre dentro da instituição, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
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