Padre é condenado a 8 anos por abusar de jovem que queria entrar em seminário
Sentença de segunda instância condena Marcos Aurélio por estupro e cárcere privado com finalidade libidinosa em 2019.
O padre Marcos Aurélio Costa da Silva foi condenado a oito anos de reclusão por estupro e cárcere privado com finalidade libidinosa. A decisão, da desembargadora Ângela Haonat, é de segunda instância e reverteu uma sentença de primeiro grau que havia absolvido o réu.
A condenação ocorre após o Ministério Público do Tocantins (MPTO) recorrer da absolvição inicial. O crime aconteceu em 2019, em Palmas, quando o padre atraiu um jovem de 18 anos de Pernambuco com a promessa de ajudá-lo a ingressar em um seminário católico.
Promessa falsa e abuso de confiança
Segundo o processo, Marcos Aurélio convenceu a vítima a vir ao Tocantins sob o pretexto de que precisaria assinar pessoalmente uma carta de recomendação vocacional. O jovem se hospedou na casa do padre, onde foi submetido a consumo de bebidas alcoólicas e violência sexual.
Conversas virtuais obtidas pelo g1 na época mostravam o padre pedindo fotos e massagens à vítima. Ele também afirmou que os dois dividiriam o mesmo quarto para que o jovem "se acostumasse com a vida de missionário".
Fuga e prisão
A vítima conseguiu fugir apenas quando o padre esqueceu a chave na porta. Em visível estado de fragilidade emocional, foi a pé até uma delegacia para relatar os crimes, sem documentos e desesperado, conforme relato policial.
O padre foi preso em 26 de agosto de 2019. Ele estava suspenso das atividades eclesiásticas desde 2018, de acordo com a Diocese de Porto Nacional, à qual era ligado, e respondia ao processo em liberdade.
Recurso da defesa e histórico
A defesa de Marcos Aurélio informou que, por haver um voto divergente no tribunal, apresentou um recurso chamado embargos infringentes e aguarda decisão. A desembargadora concedeu ao réu o direito de recorrer em liberdade.
O MPTO sustentou o recurso alegando a veracidade do relato da vítima, corroborado por testemunhos, laudos técnicos e impactos psicológicos. A acusação também destacou um histórico de condutas semelhantes: em 2015, enquanto padre em Peixe (TO), Marcos Aurélio foi preso suspeito de mostrar pornografia para um adolescente de 16 anos.
Próximos passos e contexto
A sentença estabelece o cumprimento da pena em regime inicial semiaberto. Apesar do pedido do MPTO, a desembargadora não fixou indenização por danos morais para a vítima.
O g1 contactou a Diocese de Porto Nacional para obter informações sobre a atual situação do padre dentro da instituição e aguarda retorno.
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